sexta-feira, 9 de novembro de 2012

A relação da linguagem digital e analógica com a evolução do comportamento e crise de identidade





Essencial para a vida em sociedade, assim pode ser conceituada a comunicação. Todos nós, seres humanos sabemos que, sem ela não pode haver relacionamentos entre indivíduos de um grupo social. Através dela é possível que um ser humano conheça a si próprio e aos outros, interagindo e expondo suas ideias, sentimentos, opiniões. Uma boa comunicação é indispensável, pois a mensagem emitida deve ser entendida por quem recebe para que ela exista, já que a mesma está ligada com a capacidade de compreensão do indivíduo, a comunicação não pode ser distorcida, o receptor deve receber a mensagem de maneira clara e objetiva. Pode parecer algo simples para alguns, que se consideram bons comunicadores, porém para outros se torna um dos maiores problemas, visto que, existem pessoas que encontram dificuldades para saber lidar com tamanha interação e acabam sofrendo consequências como distúrbios comportamentais e síndromes.

Existem duas formas de comunicação: a digital e a analógica. Considerado referência neste tema, o ilustre autor Paul Watzkawick (1921) conceitua essas duas vertentes afirmando:

Na comunicação humana, podemos nos referir os objetos — na mais ampla acepção da palavra — de duas maneiras inteiramente diferentes. Podem ser representados por uma semelhança, como num desenho, ou ser referidos por um nome. Assim, na frase escrita: “O gato apanhou o rato”, os substantivos poderiam ser substituídos por desenhos; se a frase fosse falada, poderíamos apontar para o gato e o rato reais. Seria desnecessário acrescentar que isso seria um modo incomum de comunicação e, normalmente, usa-se o “nome” escrito ou falado, isto é, a palavra. Esses dois tipos de comunicação — um por semelhança autoexplicativa, o outro por uma palavra — também são equivalentes, é claro, aos conceitos de analógico e digital, respectivamente. (WATZKAWICK, 1921, p. 56)

A linguagem analógica está agregada aos sentidos dos seres humanos, especula-se uma relação muito ampla dela com os períodos arcaicos da evolução geral, não se tratando então de algo recente, possuindo assim maior relevância. Antes de aprender a falar o mesmo partilha com os outros seu estado psíquico e emocional, pois através dela pode-se referir mais facilmente à coisa que representa. Segundo Watzkawick (1921), a comunicação analógica é toda a comunicação não verbal, que envolve sintomas, “[...] postura, gestos, expressão facial, inflexão de voz, sequência, ritmo e cadência das próprias palavras, e qualquer outra manifestação não verbal de que o organismo seja capaz”. Esta linguagem analógica é responsável pelas relações, transmite, sobretudo emoções, afetos, permitindo assim que os sentimentos sejam expressos. São exemplos dela: imagens, cheiros, gestos, emoções, etc.

Já linguagem digital, é a comunicação mediante as palavras, que podem ser escritas ou faladas, sendo, portanto segmentar, mais verbal e linguística, ou seja, divisível em fonemas, possui uma sintaxe lógica, considerada complexa e poderosa, porém carece da semântica adequada no campo das relações. Podemos admitir que existência da linguagem digital foi, e continua sendo indispensável para o progresso da civilização, haja vista que, sem a mesma seria impensável a realização da maioria ou de todas as atividades pois a partilha de informações entre os indivíduos é necessária para a transmissão de conhecimento entre os mesmos. São exemplos dela: as palavras, a escrita, o DNA, os neurônios. As informações transmitidas pelos neurônios no corpo humano são digitais, os impulsos são responsáveis por excitar ou inibir as respostas sinápticas em forma de tudo ou nada, essa atividade consiste na transmissão de informação digital binária. Todavia, o sistema humoral é considerado analógico, pois é responsável por liberar ou não substancias em quantidades inconstantes, dependendo de inúmeros fatores.

Os dois modos de linguagem atuam de forma combinada, traduzindo-se um no outro e complementando-se possibilitando que haja uma comunicação eficiente. Como conclui o autor Watzkawick (1921):
Em resumo, se nos lembrarmos de que toda comunicação tem um conteúdo e uma relação, podemos esperar concluir que os dois modos de comunicação não só existem lado a lado, mas complementam-se em todas as mensagens. Também poderemos esperar concluir que o aspecto de conteúdo tem toda a probabilidade de ser transmitido digitalmente, ao passo que o aspecto relacional será predominantemente analógico em sua natureza. (WATZKAWICK, 1921, p.59)


A comunicação humana busca acompanhar a evolução da espécie, este crescimento busca aprimorar algo que é indispensável para a vida em sociedade, porém, este avanço tomou proporções muito altas, que antes eram ate inimagináveis, e ferramentas foram criadas para facilitar as relações e encurtar distâncias, uma das mais notáveis é a internet, a mesma possibilita que o mundo interaja em espaços curtos de tempo e é de grande serventia. Porém, nesta chamada “era dos 140 caracteres”, temos que ser mais objetivos. Assim, deixamos de lado as sutilezas que uma boa prosa, nos moldes tradicionais, proporciona: transmitir emoções, sensações e sentimentos. Os relacionamentos sensoriais estão cada vez mais escassos, principalmente agora na chamada “geração google” onde as redes sociais estão

substituindo o contato físico entre as pessoas. As crianças não saem mais de casa para brincar de corre-corre, pega-pega, amarelinha, etc, pois preferem os jogos em rede.

E isso pode causar um problema muito sério que afeta principalmente essa fase de transição da infância para a adolescência, que é a crise de identidade. Portanto, pode-se concluir que é indispensável que se faça bom uso dos dois tipos de comunicação, de modo equilibrado para que haja avanços e não retrocessos.





Por: Tamyres Souto

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